segunda-feira, 11 de março de 2013

Argaponis


Estávamos dentro do carro. Eu conseguia ouvir meu coração martelando dentro

do meu peito. Sabia que estávamos chegando, pois já havia passado por aquele

caminho diversas vezes.

Chegamos. Droga. Dentro de instantes tudo iria mudar.

Saímos do carro com cuidado para segurar o Pippo. Ele era a razão de estarmos ali, a propósito. Pippo era um passarinho da raça Argaponis, que significa ‘inseparável’ em grego. Só dá para comprar o casal, e o Pippo estava doente. Muito doente.

Tinha câncer em praticamente todo o seu lado direito. Da asa até a perninha e

a patinha. Ele não conseguia mais andar. A veterinária disse que o melhor

seria sacrifica-lo, pois  o câncer já tinha se espalhado tanto que ele não aguentaria nem mais 1 mês.

 Era o melhor para ele. Sabíamos disso. Eu sabia disso. 

Abri a porta do Pet Shop. Uma rajada de vento gelado me envolveu. A

atendente chamou a médica, e entramos na sala.  O Pippo estava na mão da

minha mãe. Eu e minha  irmã olhávamos outros passarinhos na sala enquanto minha mãe acertava os procedimentos com a veterinária. 

Elas conversaram durante um tempo e a doutora disse que era melhor fazer logo e que ele não iria sentir nada, seria como se ele fosse dormir. 

Eu comecei a chorar e saí da sala. Minha irmã ficou comigo do lado de fora. 

Devia ter se passado uns 15 minutos quando minha mãe saiu da sala 

carregando uma caixa enfeitada, com o Pippo dentro dela. 

Agradecemos. Entramos no carro, e fomos para casa. 

No caminho da volta o silêncio era total. Nenhuma de nós conseguia dizer nada, apenas ficamos perdidas nas lembranças felizes dos dias que o Pippo esteve entre nós. 

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